segunda-feira, 17 de maio de 2010

Madeira: da “Pérola” ao “body.mind”

O mesmo destino Madeira tem conhecido diferentes imagens, marcas e slogans ao longo dos anos. Uma exposição evidenciou as etapas







Carlos Alberto Silva, adjunto da secretária regional do Turismo e Transportes, fez um levantamento dos logótipos, marcas, slogans e mensagens do Turismo da Madeira. O resultado esteve patente no dia sete de Maio no Centro de Congressos da Madeira, por ocasião da realização da quarta Conferência do Turismo, levada a efeito pela direcção na Madeira da Ordem dos Economistas.
Evidenciada em grandes painéis e complementada com diverso material de promoção que sustentava cada uma das fases, mostra a evolução até à actualidade.
Assim, para a História temos as seguintes fases, nas décadas mais próximas.
Até 1978 a mensagem era “Madeira - A pérola do Atlântico”.
Entre 1978 e 1984, a pérola vai ao fundo juntamente com o Atlântico. Surge o slogan “Madeira - O jardim flutuante”.
Mas o jardim flutuante perdeu-se na imensidão do mar.
Assim, entre 1984 e 1993, tudo o que vinha de trás é metido na gaveta e surge um slogan completamente diferente. Passa a ser: “Madeira ... Uma forma diferente de desfrutar o sol!”. Em cima da palavra Madeira surge um sol laranja e duas aves.
E, tal como os slogans que o antecederam, o sol desapareceu lá no céu tal como a forma diferente de o desfrutar.
Mais uma vez as mensagens dos slogans anteriores desaparecem.
Surge a ilha da Madeira estilizada feita de forma que algumas pessoas chegaram a questionar na altura. De 1993 a 2002 a mensagem do Turismo da Madeira passa a ser: “Madeira - Sinta a natureza à sua volta”.
De 2002 a 2004 muda a imagem da tal ilha pintada com “cores bébé” mas mantém a mensagem anterior. Surge a flor estilizada com uma pessoa de braços abertos como que a simbolizar o bem receber reconhecido do povo madeirense.
Até que, a partir de 2004, fruto de um estudo realizado, surge numa nova imagem do destino Madeira e um novo conceito que pretende evidenciar uma ilha com condições excepcionais para relax. Factor importante para as vidas quotidianas cada vez mais agitadas onde a Madeira se apresenta como o tónico para a recuperação.
Temos assim, a partir de 2004, o actual “body-mind.madeira”.
Carlos Alberto Silva confidencia que gostou de coordenar este trabalho das diferentes fases da imagem da Madeira não só por permitrir mostrá-lo agora como perpectuar o espólio, facilitando futuras mostras, como admite vir a acontecer.

Empresários defendem consistências das marcas

João Welsh, delegado na Madeira da Associação Portuguesa das Agências de Viagens e Turismo reconhece potencial na marca “Madeira - A pérola do Atlântico”, que foi utilizada até 1978. Diz que enquanto a tivemos, todas as pessoas se referiam ao destino como Pérola do Atlântico.Uma marca que admite continuar junto do consumidor.
Diz que a Madeira tem alterado marcas e tentado impô-las, mas admite que nenhuma consegue afirma-se como “Pérola do Atlântico”.
Por isso, defende que deveria ser feita uma pesquisa junto dos mercados no sentido de ver como identificam a Madeira, se é pela marca utilizada até 1978 ou preferem outra.
Para João Welsh uma coisa é certa: qualquer que seja a marca tem de ter foçosamente presente dois pontos. O primeiro é a consistência e o segundo corresponder aos aspectos endógenos da Madeira.
Outra opinião tem o hoteleiro madeirense André Barreto.
Admite que o actual “body.mind.madeira” pode enquadrar-se na oferta do destino, mas considera que nenhum privado o utiliza.
Neste sentido, defende que devíamos pegar no slogan actual e analisar o que se propunha na altura em que foi lançado em 2004. Isto porque considera que não está esgotado o conceito.
Outro hoteleiro considera que mais que a marca há a questão da necessidade da sua consistência. Um pouco em linha com o que referiu João Welsh.
António Trindade defende a necessidade de ser feito uma pesquisa para a qual diz que quase temos do zero. Saber o que o mercado gosta. Depois refere ser preciso ir aos mercaos testar marcas. E, se corresponder às mais-valias do destino, deixá-la amadurecer.
Por seu turno, Luigi Valle, presidente do Grupo Pestana na América do sul e administrador responsável por todas as áreas operacionais do Pestana Turismo, defende que antes de ser tomada qualquer decisão é necessário avaliar quais os objectivos que pretendemos alcançar.
Considera que nos últimos anos a Madeira tem tido uma evolução qualitativa na sua procura, pois os rácios da capitalização das despesas individuais têm vindo sistematicamente a diminuir.
Luigi valle acentua que não é suficiente pensarmos somente em taxas de ocupação ou ficarmos satisfeitos com a “compensação” do REVPAR. Por isso questiona acerca de a Madeira dever ser vendida a quem? Entende que a sensibilização da promoção é fundamental para se ultrapassar o populismo do turista.
O administrador do Grupo Pestana reconhece que desde Setembro de 2008 estamos a viver momentos particularmente complexos. Neste âmbito diz ser de realçar os pormenores da leitura internacional da tragédia de Fevereiro deste ano assim como também dos problemas de distribuição aérea que tem acontecido nos últimos tempos.
Luigi Valle admite que a situação económica a nível Europa vai continuar. Considera que a concorrência vai continuar a se actualizar. “Para baixo”, sublinha.
Neste sentido, friza que uma coisa é pensar naquilo que se deve fazer para minimizar as questões de curto prazo, e outra aquilo que poderá e deverá ser pensado para médio e longo prazo.
Considera que uma coisa é certa e indiscutível: A Madeira é reconhecida pela sua qualidade. “E é imprescindível que continue a ter esta leitura”.
Contudo, acentua que o timing da procura tem vindo a ser alterada de uma forma significativa, reforçando as sazonalidades. Complementa que a idade média também tem mudado na procura pelo destino.
Por isso, questiona se foi feito algum estudo no sentido de sensibilizar quem decide e quem promove de tomar esse facto em consideração. Do seu ponto de vista repite aquilo que diz já ter transmitido há uns anos: “Penso que não”.
Complementa que, para além das particularidades económicas, de disponibilidade mais transversal ao longo do ano, como também do evidente aumento crescente da “esperança de vida”, esta leitura não é comum para os dois destinos da Região Autónoma. “Uma coisa é analisar o que se deve fazer para a ilha da Madeira e outra, diferente, para a ilha do Porto Santo”.
Lembra que Espanha e Brasil têm uma proposta muito mais generalista, mais soft do que a nossa. “Mas cidades culturalmente relevantes como Roma, Florença e Veneza têm componentes personificadas que sensibilizam potenciais turistas de determinado nível social e económico”.
Mudar, sim ou não? Luigi Valle acentua que mudar para este ou aquele tipo de proposta depende do que devemos reconhecer como principal objectivo da procura, tomando, logicamente, também em consideração a nacionalidade dos potenciais candidatos a clientes do destino Madeira.

Até 1978
A mensagem era: “Madeira - A pérola do Atlântico”.

Entre 1978 e 1984
Passa a ser: “Madeira - O jardim flutuante”.

Entre 1984 e 1993
Passa a ser: “Madeira... Uma forma diferente de desfrutar o sol!”.

De 1993 a 2002
Passa a ser: “Madeira - Sinta a natureza à sua volta”.

De 2002 a 2004
Muda a imagem da ilha para a flor estilizada com uma pessoa de braços abertos a colher o turista.

A partir de 2004,
Passa a ser até à actualidade: “body-mind.madeira”.



Jornal da Madeira

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