segunda-feira, 31 de maio de 2010

Gare é ponto de viragem no Porto do Funchal

A gare do Porto do Funchal é inaugurada hoje. Constitui um investimento de 12,8 milhões de euros. Bruno Freitas, presidente dos Portos da Madeira diz que constitui uma grande mudança







Jornal da Madeira - O que vai mudar com a nova gare?
Bruno Freitas - Além do aspecto visual e arquitectónico haverá uma melhoria óbvia na recepção aos passageiros e aos navios.
Diria que a inauguração marca uma viragem na História do porto. Com uma estrutura moderna vem reforçar o posicionamento da marca Portos da Madeira.
JM - Quando será o primeiro grande teste à gare?
BF - Será na próxima quinta-feira [com o navio Grand Voyager], altura em que já serão utilizadas as instalações do terminal.
JM - Houve necessidade de contratar mais pessoas ou antes haverá um reajustamento dos colaboradores?
BF - As pessoas que estavam a trabalhar fora vão passar a estar no novo terminal, quer nas zonas de portas quer nas zonas de bagagem. E também vão lá estar as entidades exteriores como os serviços da Alfândega, fiscais e de estrangeiros e fronteiras.

JM - As mangas vão surgir numa fase posterior...
BF - Vão reforçar a operacionalidade do terminal, que está preparado e desenhado essencialmente para trabalhar com elas. Já foi adjudicado o seu concurso. Neste momento, estão em fase de construção. Vêm para a Madeira em finais de Setembro, princípio de Outubro, para serem montadas até Novembro.
JM- Quantas mangas serão?
BF - Duas mangas que correm ao longo do cais e fazem a ligação entre o passadiço e o navio.

JM - Turando isso, a totalidade do empreendimento fica concluído agora?
BF - A infra-estrutura está concluída. Vamos proceder agora à fase seguinte que serão os concursos para as lojas, uma área afecta a restaurante/snack-bar e uma outra para floristas.
Haverão igualmente áreas livres onde irão ser colocados pontos de negócio, de apoio aos cruzeiristas e tripulações, que ainda não estão afectos, mas que se encontram disponíveis para fazermos concursos em termos de ideia, sem querermos sobrecarregar o terminal porque não é um centro comercial.

JM - A unidade provisória que os Portos da Madeira têm à entrada será desactivada e passa agora para o terminal...
BF - Sim, passa a estar integrado. Devo dizer que além do concurso vamos trabalhar o regulamento de exploração das áreas de negócio. Está pensado em termos de ideias, mas após a inauguração, vamos avançar com essa fase, que inclui um concurso para a aquisição de alguns equipamentos, nomeadamente os aparelhos de raio-x a serem instalados no terminal e o detector de metais.

JM - O restaurante será mais uma oferta na cidade?
BF - O restaurante será uma unidade quase âncora do terminal. Servirá de apoio quase imediato. As lojas e o restaurante vão avançar em simultâneo. Mas atenção que a abertura ao público local queremos fazer de forma a que não seja incompatível com a própria segurança da operação.
Com navios no porto não devemos fazer confusão e interligações com os passageiros por razões de segurança.

JM - E o acesso do madeirense ao molhe. Vão continuar as restrições?
BF - Os acessos serão revistos e condicionados. Temos que ter em atenção o número de passageiros em terminal. Mas, depois da largada dos navios e sempre que tivermos o porto disponível os acessos serão menos condicionados. O acesso à infra-estrutura e às áreas não reservadas será livre.
JM - Ou seja, se o porto estiver cheio de cruzeiros o madeirense não vai poder entrar livremente como antigamente, antes das obras...
BF - Havendo muito movimento portuário, não faz sentido existir uma mistura enquanto os navios estiverem. Agora, depois, haverá acesso.
Devo dizer que, depois da inauguração, vamos fazer uma revisão e análise ao que se irá passar em termos de segurança portuária.

JM - Mesmo sem navios no porto, o molhe vai encerrar a determinada hora da noite?
BF - Vai. Até por força do investimento feito. Não queremos que haja uma circulação livre toda a noite. O portão vai continuar à entrada do molhe, e assim que feche o comércio e não haja movimentação portuária, encerramos o acesso.
Diria que, ainda sem haver certezas difinitivas acerca do horário normal de funcionamento, deverá ser até às 23 horas, ou, o mais tardar, até à meia-noite.
Mas evidentemente que temos um segurança que irá controlar e viabilizar o acesso a viaturas de apoio aos negócios.

JM - Quando será feita a transferência dos serviços da administração portuária para o novo empreendimento?
BF - Estamos a tratar desse procedimento. Com a abertura vamos trabalhar as transferências da redes de informática e servidores. A nossa perspectiva de mudança será que aconteça mais no final do Verão.
JM - Será faseada?
BF - Não. Iremos fazer a transferência quase em simultâneo.
JM - Os Pilotos também mudam nessa altura?
BF - Sim.

JM - A nova gare vai poder servir de pretexto para aumentar as taxas no porto?
BF - Não. Temos uma proposta para sair em breve uma revisão, que não irá contemplar a subida de tarifas. Estamos convictos que isso poderá vir, eventualmente a acontecer. Este ano não e, concerteza, no próximo ano também não.
Mas a verdade é que os portos não aumentam tarifas desde 2006.
A haver revisões de tarifas serão sempre feitas em concordância com as condições do mercado. Estamos conscientes das parcerias que estabelecemos com Canárias e com os portos nacionais, pelo que deverá haver uma harmonização de tarifário.
No que diz respeito à rota Atlântica, a harmonização de tarifários vem balancear um pouco o que os operadores de cruzeiros estão disponíveis a pagar.
Nesse sentido, estamos conscientes das nossas vantagens nos preços. Sem dizer taxativamente que vou aumentar ou baixar, deve tratar-se em primeiro lugar a harmonização dos preços.

JM - Não haverão, portanto, aumentos nas taxas este ano?
BF - Não vamos aumentar as taxas portuárias. O que estamos a fazer é criar uma nova portaria em que se separa a componente de tarifas relacionadas com as actividades e serviços portuários e um anexo dedicado às tarifas que dizem respeito a actividades de negócio comercial em áreas dominiais sob gestão da APRAM.
O ajustamento que foi feito tem a ver com questões formais no que diz respeito a componentes jurídicas. Ou seja, no que diz respeito ao negócio dos cruzeiros não aumentamos a tup [taxa de uso de porto] passageiros nem a tup navio.
JM - Até porque este terminal quer mesmo incrementar um maior número de escalas...
BF - O principal objectivo deste investimento é fomentar a possibilidade de se incrementar negócio no “turn-around”. Também para o aumento do negócio no Verão. Vamos criar mais benefícios para Verão, inclusivé com práticas de descontos aos passageiros, influenciado pelo número de movimentos e escalas que os navios possam fazer, bem como numa redução mais significativa na tup de navio para as escalas naquele período.
Queremos quebrar a sazonalidade, consolidando o mercado de Inverno. Não queremos trocar.
JM- A aposta da MSC Cruises para o ano, com o “turn-around” no Funchal, os tais embarques e desembarques que se pretende, já é reflexo da gare?
BF - A aposta da MSC Cruises como de outras companhias tem sido um pouco o trabalho que a administração dos portos têm andando a fazer. Tem havido uma intensificação por parte dos portos da Madeira, de Canárias e nacionais na abordagem aos operadores de cruzeiros. É isso que temos feito com as nossas participações nas feiras e nas grandes oganizações dos mercados de cruzeiros.
JM- Mas a gare também ajuda nesta estratégia?
BF - Tem sido um motivo de venda e da nossa abertura para o mercado a afirmar que temos condições para formentar as passagens na Região de forma a que sejam marcantes a tudo o que diga respeito ao destino turístico que é a Madeira.

Não misturar com os passageiros Havendo muito movimento portuário, não faz sentido existir uma mistura enquanto os navios estiverem. Agora, depois, haverá acesso.

Acesso ao porto vedado durante a noite Não queremos que haja uma circulação livre toda a noite. O portão vai continuar à entrada do molhe, e assim que feche o comércio e não haja movimentação portuária, encerramos o acesso.

Fecho deve ocorrer pelas 23/24 horas Sem haver certezas acerca do horário normal de funcionamento, o encerramento deverá ser até às 23 horas, o mais tardar, à meia-noite.

O investimento - O investimento orçamentado foi de 12,8 milhões de euros, comparticipados em 62,8 por cento pelo Fundo de Coesão.

Restaurante, a âncora - O restaurante será uma unidade quase âncora do terminal.

Tarifas - A haver revisões de tarifas serão sempre feitas em concordância com as condições do mercado.

Parcerias - Estamos conscientes das parcerias que estabelecemos com Canárias e com os portos nacionais, pelo que deverá haver uma harmonização de tarifário.

Taxas portuárias - Não vamos aumentar as taxas portuárias. O que estamos a fazer é criar uma nova portaria em que se separa a componente de tarifas relacionadas com as actividades e serviços portuários e um anexo dedicado às tarifas que dizem respeito a actividades de negócio comercial em áreas dominiais sob gestão da APRAM.

Gare complementa - A gare tem sido um motivo de venda e da nossa abertura para o mercado a afirmar que temos condições para formentar as passagens na Região.



Jornal da Madeira

Sem comentários:

Enviar um comentário

Não serão aceites comentarios de anonimos