domingo, 16 de maio de 2010

“Raízes de um Povo” pretende ser Elucidário audiovisual madeirense

Projecto pioneiro de Eduardo Costa Produções apresentado até ao final do ano





“Raízes de um Povo” é um projecto pioneiro na Madeira que, para Eduardo Costa, deverá perdurar na história. O produtor está a realizar uma série de documentários sobre as tradições madeirenses, num suporte em que, no seu entendimento, as raízes madeirenses ficarão registadas por muitos e muitos anos.
O primeiro documentário deverá ser apresentado até ao final do ano, como anunciou à “Olhar”. Eduardo Costa entende que este tipo de projecto será uma mais-valia para a Região, que deve também ser aproveitado, por exemplo, ao nível da Educação. Isso porque, cada vez mais, os meios audio-visuais são reconhecidos como uma ferramenta de ensino. Os documentários “Raízes de um Povo” poderão ser usados precisamente para mostrar aos alunos a história dos madeirenses. Pelo menos, essa é a vontade de Eduardo Costa.
O responsável pela empresa explicou que o projecto inclui um documentário por cada um dos onze concelhos madeirenses, para além de um outro referente às tradições de Natal e um último que Eduardo Costa admite que ainda não está definido o seu conteúdo. Isso porque, estão já recolhidas 90 horas de imagens em alta definição, com muito material. «Temos, por exemplo, todo o ciclo do trigo e todo o ciclo do linho», o forrar das casas de colmo, os moinhos de água, que por si só, dão registos autónomos. «Há uma série de actividades que são muito trabalhosas», referiu. «No fundo, o que eu pretendo, com este projecto, é fazer uma espécie de Elucidário Audio-visual Madeirense», resumiu.
O produtor salientou que “Raízes de um Povo” está a ser preparado há dois anos, em que a sua equipa tem filmado festas típicas madeirenses, ofícios, actividades de folclore, cantares populares ou de labuta, ou outras, nomeadamente. Ontem, por exemplo, estariam a gravar a Festa da Nossa Senhora da Ascensão, na Ponta do Sol. A empresa “Eduardo Costa Produções Audiovisuais” conta com a ajuda de populares e de grupos de folclore que alertam para a ocorrência de determinados eventos que se realizam nos concelhos. «Dependemos muito da boa vontade deles», reconheceu.

Tentar levar documentário ao Festival de Cannes

Sobre a calendarização dos documentários, Eduardo Costa explicou que o primeiro, explicativo do projecto global e que terá a duração de cerca de 25 minutos, será apresentado até ao final deste ano. Os posteriores serão agendados de acordo com a disponibilidade e a conclusão de cada tema. «É um projecto que se arrasta pelos anos», esclareceu.
De momento, a iniciativa da empresa madeirense está a ser divulgada através de um “trailler” no Youtube e através de cartazes, como o que ilustra o artigo. O primeiro documentário “Raízes de um Povo” - e posteriormente os restantes – será distribuído na Região Autónoma da Madeira. «Posteriormente, terá uma grande saída para os países com comunidades madeirenses e não só. Há pessoas que se interessam por bons documentários e verão neste trabalho um projecto interessante».
Como já tinha salientado, esta recolha poderá ser de grande valor para as escolas. «Poderá ser um instrumento muito válido. Eu lembro-me que, na minha altura de formação, determinados assuntos eram difíceis de explicar porque não existia o suporte audio-visual. Hoje em dia, explicar um determinado assunto, com um pequeno vídeo, é o melhor que pode haver. É isso que pretendemos: que as pessoas tenham a sensibilidade de compreender o quão importante é a imagem e o som para reter informação», comentou ainda.
Em perspectiva, está ainda a candidatura do documentário ao Festival de Cannes, na categoria documental, divulgou ainda Eduardo Costa.
No que se refere a outros trabalhos desenvolvidos pela sua empresa, recorde-se que “Eduardo Costa Produções Audiovisuais” assinou o documentário “Naturalistas de Vulto da Madeira”, lançado em DVD. Entre outros compromissos, sua equipa, de nove elementos, está a trabalhar num promocional da Madeira em 12 idiomas e a preparar o envio de imagens sobre o temporal de 20 de Fevereiro e os seus efeitos na Região, para serem incluídas em trabalhos que estão a ser desenvolvidos por uma televisão inglesa que está a preparar um documentário sobre mau tempo no globo, e ainda imagens para um canal norte-americano. Está também a produzir uma série de documentários para a RTP/Madeira.
O filme “As Memórias que Nunca se Apagam”, projecto partilhado com o actor madeirense Dinarte Freitas, foi outro dos projectos ambiciosos em que Eduardo Costa deu o seu nome. A este respeito, é de lembrar que a película marca a História da Madeira, por ter sido feito de raíz na Região, por madeirenses, com um CD original editado e ainda por ter sido o último filme com a participação do actor madeirense Virgílio Teixeira, que já se afastou da representação.

«Temos uma equipa motivada»

Sobre a sua equipa, Eduardo Costa sublinhou a dedicação dos seus elementos, alguns dos quais, que tiveram formação com o próprio responsável. «Tenho uma equipa motivada, interessada e que gosta desta área. Penso que os elementos que não gostam da actividade acabam por se afastar naturalmente, porque é uma área que exige alguma pressão, onde não há horas nem feriados. É uma profissão que exige algum sacrifício pessoal e profissional», salientou.
A actividade no audiovisual exige ainda um investimento muito elevado em termos de instrumentos, que carecem de actualização constante dada a evolução tecnológica dos materiais. «Não há, actualmente, na Madeira, nenhuma empresa com as máquinas de filmar como as que temos. Estamos já a trabalhar com câmaras de alta definição», apontou, para além de referir a qualidade dos tripés, da grua e dos materiais de recolhas de som para cinema, nomeadamente. «Estamos muito bem fornecidos a este nível».
Eduardo Costa sublinhou que os investimentos que faz na empresa ao nível dos materiais «são sempre fruto do trabalho que vamos fazendo. Não temos qualquer tipo de ajudas comunitárias. Trabalhamos, temos os nossos projectos, vendemos, e com esse dinheiro, investimos», explicou.



Jornal da Madeira

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