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«Se eu não tivesse sido informado do que se passou na ilha, eu não me teria apercebido agora» da dimensão da catástrofe que assolou a Madeira a 20 de Fevereiro, disse ontem Federico Richa Humbert, embaixador do Panamá em Portugal, elogiando a rapidez do processo de reconstrução.
O embaixador do Panamá, que integra o corpo diplomático em solo português que está de visita à Madeira, apenas se deu conta dos danos provocados pela tempestade quando ontem de manhã passou na Serra de Água a caminho dos Prazeres. Mas mesmo aí apercebeu-se que os trabalhos que decorrem «são para fazer melhor do que estava».
«Posso falar por todo o corpo diplomático, e digo-lhe que estamos convencidos que nada do que agora vemos pode ser comparado com o que a comunicação social mostrou», afirmou o diplomata, considerando que a ilha já se encontra «perfeita para o turismo».
«Eu, pessoalmente, atrevo-me a promocioná-la, não apenas na minha embaixada, mas ao nível do meu país», acrescentou o embaixador de um território que tem na Madeira Horácio Roque, presidente do Banif, seu cônsul honorário.
Segundo explicou Federico Richa Humbert, a maior parte dos panamianos que visitam Portugal, fazem-no em turismo religioso, dado que este país da América Central, com três milhões de habitantes, é profundamente católico. Alguns dos que se deslocam a Fátima, acabam depois por visitar a Madeira, explicou.
O embaixador, que nunca tinha cá estado, admite agora voltar à Madeira, no dia 21 de Maio, para participar na conferência promovida pelo Instituto para a Promoção e Desenvolvimento de América Latina - IPDAL, a qual trará o seu presidente, Pablo Neves.
No âmbito desta visita, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Luis Amado, deslocou-se ao Funchal para poder participar em alguns encontros do grupo.
Ontem, Luis Amado marcou presença no almoço numa unidade hoteleira nos Prazeres e explicou a estratégia por detrás do convite aos diplomatas.
«Nós estamos a mobilizar o corpo diplomático para visitar as principais regiões do país», disse o ministro, considerando que a deslocação à ilha era importante para verificarem que «a Madeira normalizou a sua vida, depois dos trágicos acontecimentos, e também para agradecer ao corpo diplomático e aos países que representam o grande apoio que manifestaram» à Madeira e ao próprio País, consubstanciado nas mensagens que chegaram de toda a parte do mundo».
Luis Amado disse que esta viagem à Madeira é de «confraternização» e «solidariedade», mas «também de reconhecimento da plena normalidade que a Madeira hoje já conhece.
Além disso, e como «muitos» diplomatas ainda não tinham visitado a ilha, esta deslocação «é importante» para que vejam como a Madeira é «bonita» e «é uma terra de turismo, única no mundo», referiu o ministro, ao mesmo tempo que destaca que a visita dos embaixadores é importante para depois «revelarem às suas capitais, colocarem nos sites dos seus ministérios e embaixadas, os reportes desta visita, sendo esta uma forma também de fazer publicidade à Madeira como destino turístico de primeira qualidade».
Na mesma linha de raciocínio, o secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, destacou que como «todas as relações turísticas fundamentam-se numa base de confiança», o «testemunho de um embaixador é decisivo»
O embaixador é, no fundo, «a representação de um Estado num outro Estado, e essa informação é dada com credibilidade, com conhecimento de causa, razão pela qual esta reunião e este conjunto de iniciativas se enquadram, precisamente, nesse objecto», declarou o secretário de Estado. Ou seja, continuou, «é de esperar que a informação que chegue a operadores turísticos, a agências de viagens e a sites na Internet, seja uma informação credível, com confiança e que, no fundo, mantenha a credibilidade do destino».
Diplomatas ajudam a reflorestar
O corpo diplomático de visita à Madeira esteve ontem no sítio dos Estanquinhos e associou-se ao projecto de reflorestação que está a ocorrer naquela zona do Paul da Serra, plantando algumas espécies.
Uma parte do corpo diplomático representado em Portugal, quase 50 pessoas, está na Madeira, numa visita a convite do Ministério dos Negócios Estrangeiros, com a colaboração do Governo Regional.
Ontem pela manhã, os diplomatas e os membros das suas equipas pegaram, cada um, numa planta (erica (urze) ou louro) e colocaram-na nos buracos entretanto feitos pelo pessoal envolvido no projecto de reflorestação dos Estanquinhos, do qual o hotel Jardim Atlântico, unidade localizada nos Prazeres e amiga do ambiente, faz parte.
Celina Sousa, directora do hotel, foi quem teve a responsabilidade de explicar aos diplomatas em que consistia o projecto.
Na contextualização que fez, a directora explicou que a política de criação de «grandes infra-estruturas» desenvolvida pelo Governo Regional foi acompanhada por «uma grande preocupação com a natureza».Neste sentido, prosseguiu, foi decidido há cinco anos retirar o gado da serra. «Foram pagos 60 euros por cada cabeça de gado. Nem todas as pessoas ficaram satisfeitas, é normal», disse.
Após este processo, «deu-se então início à reflorestação no Paul Serra», continuou a explicar. Sendo a Madeira uma ilha turística e o hotel Jardim Atlântico amigo do ambiente, a direcção da unidade quis «ajudar a natureza e o Governo Regional». Por isso foi celebrado um protocolo por cinco anos, no qual ficou consagrado que de 15 em 15 dias o hotel teria a responsabilidade de desenvolver uma actividade amiga do ambiente.
Assim, entre os meses de Outubro a Março/Abril, são plantadas árvores. Nos restantes meses é apenas feita a rega.
Jornal da Madeira
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