quarta-feira, 12 de maio de 2010

Entrevista a Mitchell Van Der Gaag

«Esta equipa fez história»

Homem de personalidade bem vincada e bastante acessível às emoções, Mitchell Van Der Gaag foi demasiado evasivo na conversa que manteve com os representantes da Comunicação Social, ontem no Caniçal. O seu semblante tornou-se menos carregado e as suas palavras mais expressivas sempre que falou no quinto lugar que a sua equipa alcançou. Frisou que daqui por 10 anos toda a gente vai se lembrar deste grupo, precisamente por via desse feito, e tudo o mais considerou acessório.






Esteve reunido com o presidente Carlos Pereira. Resultados?
Mitchell - Ficou empatado... Falamos sobre algumas coisas do final do campeonato. Agora na próxima época, tudo vai começar muito cedo. Falamos sobre isso e sobre algumas outras coisas. Falamos também sobre o futuro, mas é muito cedo para eu falar com vocês sobre isso. Foi uma conversa positiva, o que não é surpresa porque porque o campeonato que a equipa fez, que o clube fez, foi muito importante. Agora vamos ver...

Depreende-se que a 14 de Junho lá estará a orientar a equipa?
Mitchell - Já ouvi muita coisa ultimamente. Já ouvi que não ia ficar, que ia ficar... Fico mais contente por a equipa ter ficado em 5.º lugar. O resto, vamos ver... Foi tudo muito forte. Os últimos dois meses foram muito intensos e só ontem (2.ª feira) pudemos respirar. Felizmente para a equipa, porque os jogadores foram sempre muito dedicados. Não me canso de dizer que o grupo foi fantástico. Espero bem que toda a gente saiba dar valor a esta equipa.

Foi um final de campeonato muito emotivo...
Mitchell - Estivemos muito concentrados para acabar o campeonato em grande. Conseguimos e só agora caiu um peso forte de cima das nossas costas. Daqui a 10 anos toda a gente ainda vai falar nesta equipa e neste campeonato. O último jogo teve tudo: ganhar fora de casa contra um adversário directo, sofrer o primeiro golo, virar o jogo, Paulo Jorge na baliza... Acho que a equipa fez história.

A equipa fez história. Quer dar continuidade a essa história? Já disse que tem vontade de ficar...
Mitchell - Já falei, há seis semanas atrás, sobre isso: gostava de ficar no clube. O ano passado recusei o contrato que o clube me propôs de uma ano e meio e quis um apenas de seis meses. O clube ofereceu-se isso. Recusei porque porque não sabia se tinha qualidade ou não. Treinar uma equipa é completamente diferente de jogar. Não tem nada a ver. Quando jogava tinha mesmo uma vida fácil. Treinar uma equipa do nível do Marítimo é completamente diferente. A pressão dos resultados, as críticas dos meus amigos da comunicação social, dos jornais, das televisões... Poderia ter assinado por um ano e meio apenas a o pensar no dinheiro. Mas não sou assim e queria mesmo saber se tinha qualidade, ou não. Não foi fácil, tive de aprender muita coisa como treinador e como pessoa: percebi que quando os resultados não aparecem, tinha poucos amigos... Não é fácil, depois de quatro derrotas, recuperar e ganhar fora de casa. Mas isso revela também uma forte ligação entre a equipa técnica e a equipa. Falar, criticar é muito fácil. Felizmente que tudo ficou dentro do balneário e fortaleceu, ainda mais, o grupo. Sim, disse que gostava de ficar, porque vi uma base forte para o futuro próximo e porque tenho mais confiança. Aprendi mais coisas e espero aprender ainda muitas mais na minha vida.

Constata agora que tem essa qualidade para treinar o Marítimo?
Mitchell - Qualidade sim, mas mesmo assim pode correr mal. Há muitos aspectos que um treinador não consegue controlar. Tens que saber lidar com isso. Mesmo assim há treinadores com muita qualidade em que as coisas não correm bem. Não sabia se conseguia lidar com tudo isso. Estes seis meses foram muito importantes. Não sabia que era capaz de lidar com isso: pressões, equipa a jogar bem, críticas... São várias coisas e agora sei que posso lidar com isso.

Até o presidente do Governo Regional disse que gostaria que continuasse...
Mitchell - Quer dizer que dá valor ao que fizemos. Os resultados ajudam e se jogarmos bem e não vencermos, ninguém se lembra disso. É uma pessoa por quem tenho muito respeito. O Dr. Alberto João Jardim tem muitos anos disto e se disse, isso, então é muito importante. Quer também dizer que as pessoas fora do clube estão a dar valor ao nosso trabalho. Quando trabalhamos, queremos atingir os nossos objectivos e queremos ver reconhecido esse trabalho. Desde início o Dr. Alberto João Jardim apoiou-me sempre. Lembro-me no jantar do Marítimo, em que ele me disse "esta época já foi, mas tu és um homem forte". Ele sabe muita coisa, disse "esta época já foi", mas mesmo assim chegamos à UEFA. Agradeço e estou grato pelo apoio que me dispensou.

Anteriormente foi-lhe dito que não continuaria no Marítimo? Houve um jogador que disse à comunicação social que você tinha dado conhecimento disso no balneário...
Mitchell - Minha função é treinar. Falo muito com a equipa, essa é a minha função. De resto, confirmar essas coisas, não faz parte das minhas funções. O que aconteceu durante a época, é entre mim, a minha equipa técnica e os meus jogadores.

Este quinto lugar é um bom início de carreira...
Mitchell - Sim, ajuda muito. Já ouvi dizer que me falta experiência. Se calhar falta, mas imagina com experiência como não será: "vamos jogar na champions"? Não foi fácil. Toda a gente desistiu desta equipa, ninguém esperava nada de nós... Foi preciso um plantel mentalmente muito forte para conseguir chegar a um estádio com 30.000 pessoas, com a equipa a precisar ganhar e regressar com o 5.º lugar. Fizemos o mais difícil. Se perdêssemos, ninguém mais falava sobre nós. Mas ganhamos, regressamos e está toda a gente muito contente.



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Manú. O jogador garante não ter sido abordado relativamente à sua continuidade no clube. Mesmo assim, o jogador mostra-se disposto a estudar uma eventual proposta que lhe venha a ser apresentada. Contudo, o extremo garante que tem convites, mas recusa que o seu destino esteja traçado, descartando a sua ida para o futebol grego.

Paulo Jorge. É porventura o caso mais difícil no que diz respeito à continuidade. O futebolista não quer ouvir falar de renovação, parecendo ter já o futuro definido. Há quem aponte que o Sorting de Braga será o destino do defesa/médio, que foi um dos obreiros do triunfo em Guimarães, tendo cumprido a função de guarda-redes durante alguns minutos, evitando inclusivamente um golo adversário, com uma arrojada defesa.

Taka. Já tomou a decisão de não permanecer no clube, tendo dado já conhecimento à direcção do seu propósito. O japonês afirmou ontem ao JM que pretende agora uma nova experiência no seu país, ou noutro qualquer. O facto de não encontrar na Região compatriotas pesou na decisão do esquerdino que acabou a época em grande plano.

Cláudio Pitbull. Foi a contratação mais sonante no defeso, mas nunca se consegiu impor e, por isso, não vai continuar no Marítimo.
O jogador afirmou ontem que não tem propostas em Portugal, em virtude de ter “aparecido” pouco na equipa, daí ter tomado a decisão de regressar aom Brasil, onde deverá prosseguir a carreira.



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Utilização da Choupana

Francisco Fernandes
«Nunca foi preciso ir à letra do contrato»


Francisco Fernandes, secretário regional que tutela o Desporto na Madeira, marcou presença no convívio de final de época do Marítimo. À comunicação social, mostrou-se convencido que que a utilização do Estádio da Madeira, por parte do Marítimo, será uma questão pacífica, caso acha mesmo necessidade disso. Inicialmente, constatou que «ainda não analisamos essa situação. Já troquei algumas impressões com quem está a cuidar da empreitada dos Barreiros, para saber qual será a situação, mais ainda não aprofundamos isso». De seguida, acrescentou que «o que posso dizer, é que nos 17 anos que estou nesta área nunca aconteceu que uma equipa da Madeira não pudesse participar num evento internacional por causa das infra-estruturas. Sempre resolvemos os problemas, também os haveremos de resolver agora».
Confrontado sobre se o Nacional teria obrigatoriedade de ceder o espaço, foi taxativo: «todos os contrato-programas que são feitos contêm direitos e obrigações. Mas nunca foi preciso até hoje ir à letra do contrato para que alguma coisa se resolvesse. Acho que o interesse da Madeira está sempre primeiro e neste caso isso também irá acontecer».
«É com muita satisfação para quem gosta do desporto, e para os madeirenses em geral, mais esta qualificação europeia. Eu tenho acompanhado algumas participações europeias nos últimos anos, e sinto que nesses locais de destino há um reconhecimento diferente daquilo que é a Madeira. De modo que é uma participação que nos honra a todos. O Marítimo - SAD, direcção, técnico, jogadores, restante grupo e adeptos - está de parabéns», disse, depois, sobre a qualificação europeia.
Sobre as contra-partidas financeiras, confirmou que não existem, e explicou: «o regulamento está feito e tem já alguns anos: nós não temos já esse prémio de participação europeia. Aliás, o Marítimo já lá esteve nessa situação, o ano passado foi o Nacional e agora novamente o Marítimo. Aquilo que garantimos é o acesso ao local da competição, em condições de comodidade e conforto que este tipo de competição exige. De resto, acho que o que os clube têm ganho em termos de peso promocional junto do tecido empresarial, nestas ocasiões também deve surgir. Houve aqui na Madeira um decréscimo de apoios na ordem dos 25% que termina no próximo ano. Isso resulta não só da necessidade de afectar verbas a outros fins, mas também de percebermos que há outras formas de patrocínio privado que tem crescido proporcionalmente. Temos é que cumprimentar quem tem gerido o futebol representativo da região a este nível, com os sucessos que têm alcançado».


Carlos Pereira
«Bom senso irá prevalecer»


Sobre a mesma questão - eventual utilização da Choupana - Carlos Pereira mostra-se convicto que «o bom senso vai imperar», lembrando que «já aconteceu uma situação em sentido inverso, em que o Estádio dos Barreiros ficou disponível sem qualquer encargo». Depois, lembrou que «se quisermos recorrer a uma situação recente, o Santana joga no complexo do Nacional ».
O presidente do Marítimo exalta que «a rivalidade é salutar e cada um luta pelo seu objectivo e pelo seu clube», mas «quando se trata de região ou dos clubes da região, a rivalidade tem que ficar de lado»
Assim sendo, «penso que não há necessidade de recorremos aos contratos-programa ou servidão, ou outra coisa qualquer, porque as pessoas vão ser inteligentes e vão compreender que está em causa os direitos e defesa de uma região, independentemente dos emblemas»
De resto, acrescentou mesmo que «devo convidar o Nacional , a sua direcção e massa associativa a estar, em sua casa a apoiar e ajudar, fazendo com que os laços de amizade que nos ligam possam prevalecer, ao contrário do que se pensa, porque não podemos confundir duas pessoas com duas instituições como são o Maríitmo e o Nacional».




Jornal da Madeira

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