União Europeia anuncia que quer proporcionar às empresas de aquicultura um ambiente favorável ao nível nacional
Madeira já exporta mais peixe do que o que consome
A Comissão Europeia anunciou na semana passada que vai facultar aos Estados-Membros e às autoridades regionais directrizes que ajudem o sector da aquicultura a tirar pleno partido dos seus trunfos por meio de medidas orientadas ao nível local, nacional e da UE. Uma situação que é bem vista na Região, sobretudo pelo crescimento que esta produção tem vindo a registar nos últimos anos, sendo que o volume de exportações é já maior do que as vendas regionais.
Só no ano de 2008, o crescimento face a 2007 foi de 337 toneladas de peixe, sendo que o volume de exportações cresceu quase cinco vezes mais, de acordo com os dados facultados pela Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais.
De recordar que a aquicultura marinha de carácter comercial na Região surgiu pela necessidade de colmatar o défice de oferta de peixe no mercado regional e como oportunidade de negócio e forma de reduzir a dependência económica da Região através da substituição da importação de peixe, pela produção aquícola da Região e, inclusivamente, o aumento das vendas ao exterior ou exportações.
No ano de 2008, a produção regional total foi de 470 toneladas, um valor superior à soma da produção total dos anos de 2005, 2006 e 2007. As vendas na Região foram de 187 toneladas e as exportações foram de 283 toneladas (ver tabela).
Relativamente a 2005, os valores registados na produção total de 2008 representam um aumento de 1.270 por cento. No mesmo período de tempo, as vendas regionais cresceram719 por cento e as vendas para o continente português cresceram 2.572 por cento.
No ano de 2005, a produção foi de cerca de 37 toneladas, sendo que 26 toneladas foram vendidas na Região e 11 toneladas enviadas para o continente português.
Em 2006, a produção foi de cerca de 126 toneladas, sendo que 27 toneladas foram vendidas na Região e o restante enviado para o continente português.
Em 2007 a produção total foi de 133 toneladas, com as vendas na Região a atingirem as 49 toneladas e as vendas para o exterior a aumentar para as 63 toneladas.
Grau de satisfação faz aumentar procura
Segundo a Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais, a Região oferece boas condições para a produção em piscicultura, dado que a temperatura média das águas de mar no Inverno são muito superiores às da Europa continental. Por esse facto, o crescimento dos peixes de cultura é mais rápido, os ciclos de produção são mais curtos e de mais baixo custo, tornando a actividade competitiva a nível europeu. Enquanto na Europa, zona mediterrânica, o tempo necessário para um juvenil de dourada atingir o tamanho comercial é de 13 a 16 meses, na Madeira esse tempo pode ser reduzido para 10 a 12 meses.
“Por outro lado, e de acordo com os produtores, é possível explorar nichos de mercado com a origem Madeira porque aqueles têm constatado junto da respectiva clientela que a dourada produzida nos mares da Região tem melhor sabor e consistência, sendo por isso um produto com procura específica do mercado”, salienta a Secretaria.
Esta releva ainda a importância dos apoios comunitários na comercialização do peixe “fora de portas”. “As vendas de produtos aquícolas para fora da Região têm sido impulsionadas por apoios no âmbito do programa POSEIMA-PESCAS, que visa minorar os efeitos da situação ultraperiférica da Região, nomeadamente, os relacionados com os custos de transporte”.
Região defende criação de envelope financeiro específico
Manuel António Correia considera que a decisão da União Europeia é importante para o sector. Todavia, a mesma corresponde a uma política já em curso na Madeira, com resultados «extremamente positivos», através das duas infraestruturas privatizadas já existentes em “off-shore”, quer na Baía d'Abra, quer no Campanário.
Seja como for, afirma que mais do que palavras, é importante que a União Europeia demonstre o seu interesse no sector. «É uma medida positiva, pois esta é a possibilidade de crescimento da pesca regional. Esperamos e desejamos que a essa intenção da UE corresponda à criação de um envelope financeiro próprio, com incentivos. Porque, muitas vezes, assistimos a que se diga que é um propósito e um objectivo, mas depois não se criam as condições, nomeadamente, de apoios financeiros necessários para o efeito. É importante que se crie – e reivindicamos isso - um envelope financeiro específico para o incremento da produção aquícola», defendeu Manuel António Correia, em declarações ao JM.
O secretário lamenta o facto de as verbas atribuídas à Região para o sector das pescas, através dos Fundos estruturais, não serem as desejadas, apesar de existirem condições para isso. Neste particular, diz que «a Madeira é a prova de que a aposta no sector é importante, como os resultados demonstram. Nós temos vindo a crescer em exportações e em valor criado. Penso que se pode atribuir, em média, à volta de 3 euros por quilo produzido. Por aqui, se pode ver o efeito financeiro, que é duplo. Pois se por um lado cria riqueza, pelo outro, evita a saída de divisas», complementou.
«É mais um exemplo de que o sector primário está em crescimento e que devemos ser ambiciosos, desde que articulado com o mercado. Não se pode produzir para não vender. O ideal é que um dia prescindíssemos de toda e qualquer importação, o que é impossível. Mas o nosso objectivo é ter cada vez mais cota de mercado na Região, mas também chegar aos mercados externos», continuou.
Quanto aos dados disponíveis na Região, Manuel António Correia diz que ressaltam dois factos: 2008 é, de longe, o ano da maior produção de sempre e a maior parte da produção foi para exportação. «Não só estamos a satisfazer o mercado regional, diminuindo importações - o que é muito importante, inclusive para a economia e para as finanças da Região, impedindo a saída de dinheiro -, como estamos a registar um enorme crescimento, com óptimos resultados, nas exportações».
Situação esta considerada de «óptima» para o sector, mas também para uma das «batalhas actuais da Região», conforme destacou. «É uma forma de responder ao garrote financeiro e melhorar o desempenho económico da Região», diz. Refere ainda que a Região está preparada para aumentar mais a produção, mas o futuro e o mercado é que vai ditar as regras.
Manuel António Correia aproveita para garantir que esta aposta do Governo Regional e do sector privado não significa qualquer perturbação para os sectores tradicionais da pesca, como a espada e o atum. «Pelo contrário, é complementar desta, porque vem substituir as importações que antes se fazia deste tipo de peixe, complementando ainda com a exportação», concluiu.
Tempo de conquistar o lugar que lhe cabe
A aquicultura, um dos sectores alimentares de crescimento mais rápido no mundo, já fornece ao planeta cerca de metade do peixe que come, mas ainda tem muito para oferecer. A União Europeia pôs em vigor normas elevadas para manter o crescimento sustentável da aquicultura, mas tal não não se reflectiu na produção – que se estabilizou, enquanto em algumas outras regiões do mundo registou um forte crescimento. Assim, quer dar um novo ímpeto ao crescimento sustentável do sector.
“A aquicultura tem à sua frente um futuro brilhante. Contudo, está muito longe de realizar todo o seu potencial. Já é tempo de conquistar o lugar que lhe cabe e de dar a este sector estrategicamente importante a expressão e – literalmente – o espaço de que precisa para se desenvolver”, comentou Joe Borg, comissário responsável pelos assuntos marítimos e pescas.
Entre outros aspectos, a Comissão considera que a competitividade pode ser reforçada por um apoio forte e contínuo à investigação e ao desenvolvimento tecnológico, um melhor ordenamento espacial das zonas costeiras e bacias hidrográficas, que facilite ao sector o acesso ao espaço e à água, e a inclusão das suas necessidades específicas na política de mercado da UE para os produtos da pesca.
O êxito da aquicultura dependerá em grande medida de um ambiente favorável às empresas do sector ao nível nacional e/ou local. Daí a vontade da Comissão de facultar aos Estados-Membros e às autoridades regionais directrizes que ajudem o sector a tirar pleno partido dos seus trunfos por meio de medidas orientadas ao nível local, nacional e da UE.
Jornal da Madeira
gostaria de saber o preço das toneladas de diversos peixes
ResponderEliminarduplavisibilidade@yahoo.com
sinto muito mais nao consigo ajudar-lo.
ResponderEliminarmais sei quais sao as empressas que operam na Madeira
a que esta em Campanario ´e a
Aquailha Aquacultura Lda Ribeira Brava - Ribeira Brava
R Visconde Ribeira Brava , Ribeira Brava
9350-213 RIBEIRA BRAVA
e a que esta no caniçal ´e a IlhaPeixe
http://www.ilhapeixe.pt/
geral@ilhapeixe.pt