Alberto João Jardim revelou ontem que colocou ontem em Tribunal «a televisão da Madeira, o seu director, o seu director de informação» e ainda «um tipo qualquer que apareceu a falar a dizer que eu recebia uma comissão de um prédio qualquer em Santa Cruz». Tudo porque, explicou, «há uma coisa que eu não deixo passar: é que ponham a minha honra em causa», disse. No entanto, adverte que os próximos três meses não vão ser fáceis e outras situações podem surgir. Porém, avisa: «se pensam que vão utilizar a comunicação social para uma espécie de vale tudo, para pôr em causa e perturbar a vida da Região Autónoma, vão ter que se defrontar com os tribunais».
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Alberto João Jardim aproveitou ontem a inauguração de um empreendimento em Machico para deixar clara a sua oposição à realização dos próximos dois actos eleitorais em datas separadas. Sustenta o presidente do Governo Regional que «um país que passa a vida a fazer eleições, uma atrás de outra, está sempre a ser perturbado», pelo que a solução teria de ser «resolver isto tudo de uma vez».
Porém, isso não vai acontecer, o que faz o chefe do Executivo madeirense temer pelos próximos meses em que, salientou, «vai ser usada a comunicação social para ofender quem está trabalhando».
«É preciso termos a noção de uma coisa. Há pessoas que precisam que a situação na Madeira seja pior, que as dificuldades sejam maiores para verem se têm alguma hipótese de sucesso. Reparem, se as coisas estiverem a andar, há pessoas que não têm hipótese de ter sucesso nas respectivas ambições. Mas, se as coisas piorarem, eles têm alguma hipótese de ter sucesso. E portanto, estejam prontos para vivermos aqui três meses em que vai valer tudo», avisou Alberto João Jardim, que avançou mesmo com um exemplo.
«Hoje, pus em tribunal a televisão da Madeira, o seu director, o seu director de informação e um tipo qualquer que apareceu a falar a dizer que eu recebia uma comissão de um prédio qualquer em Santa Cruz, uma tontice qualquer. Há uma coisa que eu não deixo passar: é que ponham a minha honra em causa.», disse.
Apesar de não acreditar na Justiça portuguesa, Jardim garante que, nestes casos, «faço o que tenho a fazer: queixo-me à Justiça. E vai ser assim sempre», deixou bem claro.
«Eu não admito que me ofendam, que me caluniem. Que a “Madeira Velha” ponha um tipo a dizer coisas desgraçadas, é ter pena do homem na medida em que está a ser instrumento do que houve de mais baixo no passado da Madeira. Mas, não admito que um director de televisão passe insultos e calúnias; que um director de informação que está a ver aquilo que vai ser publicado deixe passar. E atenção, a prova de que há intenção de ofender é que normalmente, em televisão, quando uma pessoa é acusada, ouve-se a mesma para responder. Não ouviram, não deixaram desmentir e puseram aquilo no ar. Isto indicia cumplicidade num crime de calúnia. Portanto, vai-se para os tribunais e se estes não funcionarem, também sou um cidadão livre de um país livre e digo que os tribunais não funcionam também», salientou.
Jardim vai mais longe e garante que «se pensam que vão utilizar a comunicação social para uma espécie de vale tudo, para pôr em causa e perturbar a vida da Região Autónoma, vão ter que se defrontar com os tribunais». «Há muita gente que pensa que nestes três meses, se calhar, não dá tempo ao tribunal para decidir. Pois bem, pensem assim mas eu também estou no direito de levar e pôr as pessoas em tribunal que é o que vou fazer durante estes três meses, sempre que for caluniado ou ofendido», complementou.
Uma solução que, disse, devia ser seguida por todos aqueles que têm funções públicas - desde o governo à Assembleia, uma câmara ou uma junta de Freguesia – e são ofendidos. «Porque senão este país nunca mais tem concerto. Se não, nunca mais vivemos numa democracia civilizada. O bom nome das pessoas anda a ser insultado de um lado para o outro. Anda-se a ofender cada um e às vezes ofende-se porque ninguém se mexe porque não está para se aborrecer. Isto vai ser três meses de inferno. Nós não estamos num período revolucionário, em que se resolvem as coisas de outra maneira. Parece que há quem queira chegar a essa fase, a um ponto em que em vez do estado de direito tenhamos já uma revolução em Portugal. Deus nos livre de chegar a isso. E deus livre, principalmente, esses que andaram a fazer disparates, que a justiça ainda lhes serve de biombo às vezes».
O presidente sustenta ainda que «este país tem que funcionar» e que «as pessoas não podem andar aqui neste clima de tensão permanente, neste clima de boatos, de ofensas, de calúnias, desconfianças». É que, observa, «um país só cresce se houver confiança. E eu estou aqui para garantir esse clima de confiança, doa a quem doer». Diz também que «se houver mais calma, mais tranquilidade e mais confiança, ainda podemos ter a nossa economia a crescer melhor».
Equilíbrio entre privado e público permitiu desenvolvimento
Apesar dos contratempos, Jardim também fez questão de valorizar aqueles que continuam a confiar na Madeira, como é o caso do empresário João Rodrigues, que ontem inaugurou mais um dos seus empreendimentos na área da imobiliária, num total de 16.
«Numa época difícil como a que atravessamos, sé sempre grato ver um empresário privado manter este ritmo de investimento. É um homem notável, nunca parou, independentemente das dificuldades. Ele veio aqui e meteu mais de dois milhões e meio de contos. Nós temos de estar reconhecidos a estes homens que fazem mexer a economia, que investem, que mobilizam o dinheiro, não em proveito próprio, mas do mercado onde se criam postos de trabalho e que fazem isto mesmo em momentos difíceis. Por isso, João Rodrigues, em nome da Região e do seu povo que represento, quero dizer muito obrigado pela sua sempre notável capacidade de iniciativa, pela sua coragem, mesmo nestes momentos. E eu sei que neste momento já está lançado – porque não sabe parar e oxalá o Marítimo arranje um ponta-de-lança como o senhor – um outro grande investimento em Câmara de Lobos», disse.
Ainda neste âmbito, deixou claro que o desenvolvimento da Madeira só tem sido possível com o equilíbrio que tem existido entre o sector privado e o público. «Claro que há para aí gente da “Madeira Velha” que não investe. Vai chateando os outros, porque estão com saudades da “Madeira Velha” e fica tudo a apodrecer. Mas, se a gente os expropria, eles ficam todos zangados. O que hoje aqui temos, é tudo empresários da Madeira Nova, que começaram a desenvolver com a Autonomia. Se estivesse à espera de muitos dos empresários da “Madeira Velha” estávamos todos bem arranjados»
«Nesta fase que é complexa, tenho de estar grato ao sector privado porque se a crise não foi mais acentuada na Madeira– e estou a dizer a palavra que não gosto de dizer -, foi porque também o sector privado respondeu. Se observarem o que têm sido as inaugurações – e as inaugurações são o dar satisfações ao povo sobre aquilo que se está fazendo – tem havido praticamente um equilíbrio entre a iniciativa privada e a iniciativa pública. Não há dúvida que o sector privado deu um importante contributo para que nós nos aguentássemos como nos vamos aguentando. Vamos continuar a trabalhar», prometeu Alberto João Jardim.
Jornal da Madeira
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