Cinco mil nas Vindimas
Houve mais folclore do que etnografia, mas a Festa da Vindima encheu o Estreito
Data: 06-09-2009
Alguns milhares - a organização apontou para os cinco mil -, entre os quais muitos turistas, estiveram ontem de manhã na vila do Estreito para assistir bem de perto à 32.ª edição da Festa das Vindimas. Desde a 'latada' até ao lagar, foram muitos os curiosos que quiseram participar na apanha, pisa e repisa das uvas. Pelo meio desfilou o cortejo etnográfico, mas que em abono da verdade, esteve mais próximo do folclórico, do que propriamente etnográfico. A secretária com a tutela do Turismo justificou a constatação, alegando que "o folclore e a etnografia estão muito misturados".
O evento que se insere nas Festas do Vinho Madeira continua a registar algumas opiniões divergentes. Se entre os estrangeiros a opinião quase unânime é de profundo agrado por aquilo que é dado a ver nesta iniciativa de promoção do vinho, já entre os locais, há quem faça reparos.
A alteração do itinerário de outrora, por forma a convergir a festa final para a zona do Mercado Municipal, é vista por alguns como uma forma de querer compensar a quase 'desertificação' desta área comercial, com prejuízos para o comércio no 'coração' da vila.
Seja como for, a Festa das Vindimas continua a ser um pólo de atracção, particularmente muito apreciada por quem nos visita.
Tradição despreza a gripe A
De registar ainda, para mais num ano abalado pela 'pandemia' de gripe A, continuar a verificar-se comportamentos de alto risco potenciadores de contaminação. Dar de beber vinho a inúmeras pessoas sempre pelo mesmo copo sem que este sequer seja passado por água, é por si só um risco iminente. Esta prática que é recorrente nos 'arraiais', também marcou presença no meio da multidão que se encontrava no Estreito.
Receios à parte, muitos celebraram a preceito a ocasião. Entre os quais João Ferreira, um emigrante açoriano (São Miguel) no Canadá, que pela segunda vez visita a Madeira. Deslumbrado com a festa e com a ilha, elogiou: "É muito bonita. Estou a gostar imenso. A Madeira é linda", sublinhou. Hermínia Lopez, uma luso-venezuelana que pela primeira vez está na Região enalteceu a Festa das Vindimas: "Gostei bastante: É muito interessante".
Igualar à Festa da Flor
Conceição Estudante estava naturalmente satisfeita com a adesão, mas já fala em elevar a fasquia. "Os 75% de ocupação que a Madeira tem neste fim-de-semana é a prova que esta é uma festa consolidada". Como tal, não esconde a ambição de elevar ainda mais o retorno. "A partir de agora é atingir os mesmos patamares da Festa da Flor e das festas da Passagem do Ano", apontou.
"Daí que esta festa é para continuar a melhorar, incrementar e valorizar", salientou a secretária que tutela o Turismo.
Sobre a Festa das Vindimas, realçou que "todas as festas que têm esta genuinidade e esta autenticidade, são sempre apostas ganhas", destacando que "o número de pessoas que continuamente conseguimos aumentar de ano para ano é de facto o retorno e a confirmação".
Vinho movimenta 17 milhões por ano
Manuel António Correia destacou o "impacto económico e social" do XXXII edição da Festa das Vindimas, nas famílias. Em termos económicos, abordou o volume de negócios das oito empresas ligadas ao sector dos vinhos, fixando-o "na ordem dos 16 a 17 milhões de euros por ano".
Destacou também a mais-valia turística. "As diferenças e as especificidades é que tornam a Região competitiva" destacou o secretário regional do Ambiente e dos Recursos Naturais, considerando esta associação de conceitos "feliz e frutífera".
Para este ano a produção de uva deve ficar aquém do registado no ano passado, além de estar retardada, consequência das condições climatéricas.
O secretário que manda na Agricultura reitera a garantia de escoamento e relembra "uma linha de crédito (3,5 milhões de euros) com juros bonificados, criada pelo Governo Regional, que vai permitir às empresas obter liquidez para comprar aos agricultores". Disse ainda que o rendimento dos agricultores tem subido. "Em 2003 o rendimento médio por vinicultor foi de 2.600 euros e em 2007 já passou para 3.700", destacou.
Produção do vinho de mesa cresce 30%
Reiterando o desafio aos consumidores para preferirem "os nossos produtos", Manuel António Correia anunciou um "fortíssimo crescimento" na produção de vinho de mesa na Região. "Esperamos este ano subir para mais de 200 mil litros, quando no ano passado foi menos de 150 mil litros", apontou o governante, que destacou ser este o resultado do "desenvolvimento do sector" e do "trabalho articulado com os consumidores". Sabendo que é o consumo que estimula a produção, o secretário com a tutela da Agricultura e dos Recursos Naturais apelou: "se preferirem, como devem, os produtos regionais, o sector primário corresponderá, aumentando a produção". Até porque, "hoje o problema não é produzir. É vender".
DN Madeira
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