Jardim diz que os madeirenses têm o direito de aperfeiçoar a Autonomia da forma que entenderem
Civilização madeirense é cada vez mais diferente
O presidente do Governo Regional defendeu ontem que os madeirenses já mostraram que têm o direito de aperfeiçoar a Autonomia da forma como bem entenderem.
Alberto João Jardim, que falava durante a inauguração do último troço da Avenida do Amparo, que liga, no Funchal, a via rápida à Estrada Monumental, aproveitou ainda para sublinhar que a Madeira está numa situação colonial, ao ver-lhe imposto um estatuto que o povo não aceita. A inauguração contou com a presença dos vices-presidentes da Assembleia da República, Guilherme Silva, da Assembleia da Madeira, Miguel de Sousa, e do Governo Regional, João Cunha e Silva, bem com quase a totalidade dos membros do Governo e ainda da Vereação liderada por Miguel Albuquerque.
O líder madeirense, que disse não ir alongar-se muito a falar sobre a obra, «porque ela fala por si», afirmou ainda que «bem hajam as civilizações que são capazes de avaliar as obras e não se deixar perder nas ondas dos boatos e das calúnias».
Jardim, que fez um veemente apelo ao voto no domingo, no partido que cada um bem entender, disse ainda estar bem claro que se está perante civilizações marcadamente diferentes, hoje.
«Há uma civilização que em Lisboa, num país com as dificuldades e problemas que temos, se põe a discutir se a drª Ferreira Leite entrou ou não no carro preto do presidente do Governo Regional da Madeira, ou se põe a discutir se alguém escutou o senhor Presidente da República, uma civilização que, neste momento, não discute as questões importantes para o País, e que, como tal, tem cada vez menos a ver com a civilização da Madeira», realçou.
O governante frisou que a inauguração de ontem serviu bem para mostrar como se vive na Região. E questionou: «Todos têm visto como a Madeira dá no “goto” de certa gente. Mas porquê é que eles não trabalham, porquê é que eles estão dependurados no Estado, porquê é que não há obras para inaugurar e só há promessas, porquê é que não nos deixam em paz?».
«Nós agarrámos esta Autonomia. Pegámos nela e fizemos um instrumento de desenvolvimento. O que está aqui a ser inaugurado é apenas o princípio, porque agora, por esta magnífica estrada fora, vão surgir prédios, vários investimentos privados, vai surgir tanta coisa. dentro de 15 anos isto estará, outra vez, tudo diferente», destacou.
Segundo Alberto João Jardim, «é esta a Autonomia que nos permitiu trabalhar, que provámos que foi positiva para o povo madeirense, o que dá, portanto, o direito de aperfeiçoá-la da maneira que o povo madeirense quiser».
O Chefe do Executivo madeirense recordou que «a carta das Nações Unidas diz que existe uma situação colonial quando um território impõe a outro um determinado Estatuto, contra a vontade desse mesmo território, sendo que a Carta das Nações Unidas faz lei interna em Portugal, conforme a Constituição da República Portuguesa».
«E quando eu digo que a Madeira vive uma situação colonial é porque que se nos impõem um estatuto e novas normas de viver que a Madeira não aceita estamos dentro daquilo que a Carta das Nações Unidas, juridicamente, qualifica como uma situação colonial», complementou.
Portanto, disse, «acabou o tempo de brincarmos aos escondidos, é preciso dizermos agora as coisas que devem ser ditas, e este povo madeirense, aqui ou nas terras de emigração, sempre soube dizer o que lhe vai na alma, soube sempre ser coerente consigo próprio, soube sempre trabalhar e não estar à espera nem aturar gente que não trabalha e que só sabe dizer mal de nós». A terminar elogios a Santos Costa, aos colegas de Governo, à Câmara, ao edil funchalense, aos empreiteiros e trabalhadores da obra e, sobretudo, ao povo madeirense, para quem pediu uma grande salva de palmas.
Por seu turno, o presidente da Câmara Municipal do Funchal disse que ontem era mais um grande dia para o Funchal.
Segundo Miguel Albuquerque, «o Funchal caminha mais uma vez para o progresso, para o desenvolvimento e para a excelência». «Hoje estou aqui, orgulhoso de estar na política, porque só sabemos estar na política com um princípio fundamental: cumprimos aquilo que prometemos à população», disse.
O edil lembrou as várias obras viárias recentemente inauguradas e a inaugurar nos próximos dias, que considerou «estruturantes para a cidade, e que são obras que vêm assegurar uma maior mobilidade para os cidadãos». «Há quem diga que isto é betão, nós dizemos que é uma obra que garante qualidade de vida aos cidadãos», acrescentou.
«É com obras viárias desta qualidade que asseguramos um melhor Funchal para todos. Chamo a atenção para o futuro Jardim do Amparo, que terá cerca de 15 mil metros quadrados e que estará ao serviço da população residente. Dentro de pouco tempo estaremos em condições de inaugurar novas obras, porque estamos aqui para trabalhar e não perder tempo com “conversa fiada”», concluiu.
A obra
O troço ontem inaugurado da Avenida do Amparo permitiu a conclusão do traçado. A artéria tem quatro vias (duas em cada sentido), estacionamentos e passeios. A obra foi executada pela Secretaria Regional do Equipamento Social.
Com uma extensão aproximada de 1.200 metros, esta nova ligação incluiu três restabelecimentos a vias existentes, duas rotundas (sendo uma delas bastante alongada, com cerca de 15 mil metros quadrados, de área interna, onde está prevista a construção de um jardim público), vários muros de betão ciclópico e betão armado, equipamentos de segurança, sinalização e iluminação e integração paisagística. O valor total desta obra foi de cerca de 10,5 milhões de euros. Este novo acesso à via rápida permite uma ligação rápida à estrada Monumental.
Jornal da Madeira
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