sexta-feira, 11 de junho de 2010

XIV Edição da Festa das Tosquias.


Junta e criadores dizem que o espaço de pastoreio é cada vez menor
Tradição das tosquias “teimará” em manter-se















Mais de trinta criadores de gado com um total de cerca de 300 ovelhas, reuniram-se, ontem, na XIV Edição da Festa das Tosquias, uma iniciativa que decorreu, durante todo o dia, na Ribeira dos Boieiros, freguesia da Camacha.
Pelas 10 horas, já o rebalho se encontrava no local da festa, onde acturam a banda paroquial de São Lourenço, o grupo folclórico da Boa Esperança e Jorge Canha.
O presidente da Junta de Freguesia da Camacha, Francisco Mota, disse ao JORNAL da MADEIRA que enquanto for possível manter ali aquele rebanho, o órgão de poder local a que preside estará sempre disponível para colaborar e manter a tradição das tosquias.
«Sentimos que os espaços para pastoreio são cada vez menores», admitiu o presidente da Junta de Freguesia da Camacha.
No entender de Francisco Mota, o rebanho que ali faz as tosquias está devidamente ordenado mas os criadores estão a perder espaço, situação que ultrapassa as competências da Junta de Freguesia da Camacha, a qual não sabe quais poderão ser as soluções para o futuro.
No que toca à Festa das Tosquias, Francisco Mota disse registar, com agrado, o entusiasmo da parte das pessoas em participar no evento que é organizado pela Junta de Freguesia da Camacha e que conta com os apoios da Casa do Povo da Camacha, da Cooperativa de Gado das Serras do Poiso, da Direcção Regional de Florestas, da Câmara Municipal de Santa Cruz e da Secretaria Regional do Ambiente e Recursos Naturais.
«Ano após ano, há cada vez mais pessoas a deslocarem-se cá cima», assegura Francisco Mota.
O objectivo da Festa das Tosquias é o de demonstrar «às gerações vindouras, o quanto esta actividade é importante para os criadores de gado». Segundo Francisco Mota, há ainda algumas pessoas na freguesia da Camacha que trabalham com artigos de lã de ovelha. O que estas transmitem é que «há ainda encomendas de peças de vestuário, sobretudo da parte dos grupos de folclore».
«Queremos que a Camacha faça algo por esta actividade», defendeu o presidente da Junta de freguesia da Camacha. Aquele responsável recordou que, todos os anos, e com o apoio do repórter fotográfico Duarte Gomes, realiza-se uma exposição de fotografia. “Tosquias, festa e arte” é o tema de uma edição que foi lançada, assim como está a ser elaborado um livro sobre os barretes de lã e que terá o apoio do Município da Cultura.
António “Borracheiro”, nome porque é mais conhecido, diz ser criador de gado desde pequeno.
«Este ano, trago aqui 50 cabeças de gado», frisa o criador.
Questionado sobre a importância da Festa das Tosquias para os criadores de gado, António “Borracheiro” diz que é um gosto como aqueles que «as pessoas têm pela bola».
«Para mim, isto é um desporto. E acho que a festa é importante para divulgar a nossa tradição. Antigamente, só nesta festa, tínhamos cerca de duas mil ovelhas. Actualmente, não temos mais do que 300», sublinhou António “Borracheiro”, o qual teme que a criação de gado desapareça.
«A gente vê isto tudo acabar. Se não deixarem criar a gente vai ter de acabar», lamenta.
«Enquanto eu puder, vou ter gado e trazê-lo à festa», assegura António “Borracheiro”.
Quanto às maiores dificuldades para a criação de gado, António “Borracheiro” diz que os principais inimigos são o Inverno e os cães que matam muitas ovelhas.




Jornal da Madeira

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