segunda-feira, 14 de junho de 2010

Praia do Porto Santo é única no país e na Europa

Opinião do investigador em geomedicina da Universidade de Aveiro, João Baptista







A praia de areia amarela do Porto Santo com nove quilómetros de extensão «é única no país e distingue-se das demais europeias» devido à composição da areia, usada há séculos com fins medicinais.
Esta é a opinião do investigador em geomedicina da Universidade de Aveiro, João Baptista, que sustenta que de todas as candidaturas a Maravilhas Naturais de Portugal, esta praia é única.
«É uma praia única em Portugal, distingue-se das demais europeias pela sua composição. É uma areia especial por ser carbonatada e biogénica, propriedades físicas químicas e térmicas que permitiram o seu uso em processos de naturoterapia durante séculos», salienta.
O investigador refere que ao longo dos tempos as areias do Porto Santo foram utilizadas para curar muitas doenças do foro reumático, ortopédico e fisiátrico.
Adianta que apesar de existir este tipo de areia nas Canárias e Cabo Verde, de formação mais recente, «o único sítio onde se regista a sua utilização para tratamentos da saúde humana é no Porto Santo».
A praia da areia amarela contribui para que o Porto Santo seja conhecido como a “Ilha Dourada”, de acordo com João Baptista, acrescentando que no passado a praia teve o triplo do tamanho e que é um espaço raro por ser de areia amarela, numa ilha de origem vulcânica.
O investigador explica que a formação da praia remonta há cerca de 30 mil anos com o desenvolvimento de uma grande plataforma de recife de coral sobre um substrato vulcânico rochoso e um conjunto de espécies vegetais que ali coabitaram.
«Além da composição química, é especial pela textura, sendo uma areia extremamente fina [o grão tem um quarto ou oitavo do milímetro], pela forma das partículas que são lamelares e pela dureza do material, o que a torna menos abrasiva» que a das restantes praias, explica o investigador.
João Baptista aponta ainda como propriedades especiais, o facto da praia funcionar como corpo de calor, absorvendo e acumulando calor durante um longo período.
As investigações efectuadas sobre as propriedades das areias nos últimos dez anos por uma equipa multidisciplinar levaram à sua utilização na área da geomedicina, considerando-se que existe na denominada “Ilha Dourada” uma clínica.
Na última Bolsa de Turismo de Lisboa (BTL) a praia foi também apresentada como tendo vantagens cosméticas.
João Baptista destaca ainda os benefícios desta areia na agricultura biológica com foro medicinal, tendo propriedades que dão sabores particulares aos produtos hortícolas e frutícolas, e a sua utilização na formação da cal para aplicação na construção civil.
Realça também que a água do mar da ilha, do ponto de vista químico e bacteriológico, com grande quantidade de iodo, contribui para que o banhista apresente um «bronzeado único, cor de chocolate dourado, em comparação com o conseguido nas outras praias», além da qualidade das águas comprovada pela atribuição de bandeiras azuis.
O investigador defende ser «importante a sua preservação para que no futuro se possa usufruir todas as propriedades desta praia única».


Jornal da Madeira

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