Portos nacionais querem marca e nova rota

Jornal da Madeira - O primeiro semestre do ano evidenciou um recorde no Porto do Funchal com um crescimento de 4%. Em passageiros ou em número de escalas de navios de cruzeiro?
Bruno Freitas - Nos dois. Os números de Julho já revelam igualmente um crescimento de 4 por cento em número de escalas e de passageiros.
JM - É um crescimento que se deve à promoção conjunta dos portos do Atlântico, onde a Madeira se inclui, ou antes um acaso devido a uma maior procura pelas companhias?
BF - Não é um acaso. É antes o consolidar da rota nos itinerários das companhias. A parceria que temos com Canárias é muito importante na consolidação deste tráfego, onde beneficiam todas as partes.
Madeira pode beneficiar de saturação de rotas
JM - Nesta sequência, acredita que o Verão poderá vir a ser igualmente apetecível?
BF - Para o Atlântico, o Verão tem sido sempre difícil no sentido de fazer deslocar das rotas tradicionais. Contudo, há um esforço nesse sentido pela nossa parte, conjuntamente com os portos de Canárias e nacionais, para inverter esta sazonalidade, um trabalho que consideramos difícil.
O ano 2010 está praticamente programado, e já estamos a trabalhar para 2011, 2012...
Contudo, sentimos, por parte das companhias, uma necessidade de sairem das rotas tradicionais, que assistem a uma grande saturação, como acontece no Mediterrâneo.
Falamos que o porto do Funchal pode ter um ou outro navio fundeado, mas se formos à bacia do Mediterrâneo, a maior parte dos portos tem muitos paquetes fundeados.
JM - A Madeira pode beneficiar dessa saturação?
BF - Por vezes, os navios quando procuram os destinos não o fazem exclusivamente pelas facilidades no porto, mas por ter um novo destino com algo diferente para oferecer aos turistas. E o que a Madeira tem tido até agora, e continuará a ter, é dispôr de condições de recepção dos turistas e de uma ilha e de uma cidade que os pode receber em boas condições.
Têm existido contactos directos com as companhias
JM- Quando diz que têm existido contactos com as companhias, cingem-se aos que são feitos em nas feiras sectoriais ou directamente com os armadores?
BF - Temos estabelecido contactos pessoais com as companhias. Através dos directores de operação, no sentido de mostrarmos o porto, a nova gare, e, de certa forma, marcar presença junto dos operadores reforçando que a Madeira existe e continua pronta para os receber.
JM - Tem havido receptividade?
BF - Sentimos isso.
Obviamente que as feiras são um bom veículo de contacto, onde, por vezes, fazemos a primeira abordagem.
O nosso objectivo é consolidar o destino. A Madeira é um destino maduro, mas estamos atentos ao que se passa à nossa volta. Queremos inovar mantendo o que de temos de bom...
JM - Até porque também existem outros destinos maduros...
BF - Exactamente. Temos de estar numa posição de consolidação de toda esta área do Atlântico.
Nova gare não obriga a aumento de taxas
JM - Durante a visita que fez às obras da nova gare no porto do Funchal, onde também esteve a senhora secretária regional do Turismo e Tranportes, falou-se de taxas portuárias. Daí resultou algum empolamento em relação ao que foi dito...
BF - Vieram a público notícias que referiam que a conclusão do terminal iria implicar, necessariamente, uma subida das taxas. Isso não é correcto. O investimento já está a ser feito há um ano e os Portos da Madeira não fizeram qualquer actualização de taxas nem de tarifas, tal como não o fazem desde 2006.
Por isso, é errado dizer que a conclusão da obra irá implicar uma subida das taxas. Naturalmente, poderão subir nos próximos anos...
JM - ... o que poderia acontecer com ou sem gare...
BF - ... exactamente. Qualquer porto pode fazer actualização das taxas, mediante a economia e a conjuntura. A construção do terminal nunca foi pensada implicando subida de taxas. A gestão do terminal será feita de uma forma de gestão corrente, empresarial, conscientes que temos de gerar receita para suportar todos os nossos encargos.
Estamos a procurar captar partidas no Funchal
JM- Para que movimento está dimensionada a nova gare?
BF - Está dimensionada para que, em simultâneo, possam ser efectuados cerca de mil embarques. Nesse sentido, o nosso esforço vai procurar captar companhias que possam operar a partir da Madeira.
JM- Pode falar-me mais detalhadamente da nova gare?
BF - Vai estar dimensionada para ter os balcões de check-in necessários para que se faça uma operação. Temos uma área para restaurante/cafetaria. Mas será um espaço aberto e dinâmico.
Será um terminal preparado para embarques e desembarques assim como para os passageiros em trânsito.
Espaço comercial segue exemplo do aeroporto
JM - Vão existir lojas como as que estavam no porto?
BF - Existirão espaços, mas não no conceito de loja fechada. Será um modelo tipo ilha onde tenha vinhos, artesanato regional... Um pouco à semelhança do que acontece com as lojas no Aeroporto da Madeira.
JM - Já existem interessados?
BF - Já temos recebido manifestações por parte dos empresários. Perguntam quando lançaremos os concursos, mas é muito cedo.
JM- E em relação à proposta que revelou há algum tempo ao Jornal da Madeira de promover conjuntamente os portos portugueses?
BF - Está a andar. Cada vez mais os laços estão consolidados e faz mais sentido aparecermos como um todo.
Já temos feito reuniões conjuntas de forma a tentar preparar uma marca.
JM - Quais são os portos nacionais envolvidos?
BF - Lisboa, Portimão, Leixões, Açores e Madeira.
Estado deve incentivar novas rotas marítimas
JM- Qual a sua ideia neste projecto?
BF - Potenciar uma associação de portos portugueses e criar uma rota onde se possam integrar maioritariamente os portos nacionais.
Além disso, consideramos que os portos nacionais já começam a ter algum peso, com um milhão de passageiros a circular, pelo que, a exemplo do que se passa com a aviação, deviam ter apoios por parte das entidades nacionais. Até agora tem sido tudo à custa dos portos.
Madeira no Seatrade em Hamburgo
Jornal da Madeira - Qual é a próxima acção promocional dos Portos da Madeira?
Bruno Freitas - Será em Setembro no Seatrade, em Hamburgo. Vamos ter um stand conjuntamente com Canárias. Continuaremos a trabalhar juntamente com os porto portugueses para fazer os contactos com os operadores e ainda mostrar o novo terminal e tentar trabalhar novas rotas onde se possa integrar a Madeira e os portos nacionais.
JM - Quando é que a administração e os serviços dos Portos da Madeira mudam para as novas instalações na Pontinha?
BF - Durante o primeiro trimestre de 2010. Isso é o que menos me preocupa neste momento.
JM - Em que ponto está a intenção da Naviera Armas em fazer a segunda viagem entre a Madeira e Portimão?
BF - Não houve evolução.
Mil embarques em simultâneo - A nova gare está dimensionada para que, em simultâneo, possam ser efectuados cerca de mil embarques.
Nova gare terá conceito tipo ilha - Existirão espaços, mas não no conceito de loja fechada. Será um modelo tipo ilha.
Companhias querem alterar rotas saturadas - Sentimos, por parte das companhias, uma necessidade de sairem das rotas tradicionais, que assistem a uma grande saturação, como acontece no Mediterrâneo.
Portos da Madeira estabelecem contactos directos - Temos estabelecido contactos pessoais com as companhias.
Jornal da Madeira
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