Jardim garante que os programas das câmaras e do governo serão cumpridos
O presidente do Governo Regional disse ontem estar tão motivado com o processo de reconstrução da Madeira como esteve com a construção do aeroporto.
Para Alberto João Jardim, reerguer o que a intempérie destruiu é um «desafio» e uma «questão de honra».
Apesar de já se saber que a reconstrução irá para além de 2011, ano em que termina este mandato, o chefe do Governo Regional não avança sobre «o que se vai passar» na sua vida política. Confessa apenas ter, neste momento, uma «noção de desafio como não sentia há muitos anos, talvez desde que inaugurei o Aeroporto da Madeira», disse Jardim, na cerimónia comemorativa do Concelho da Ribeira Brava, um dos territórios mais castigados pela intempérie de 20 de Fevereiro.
O valor dos prejuízos em toda a ilha já foi definido pela Comissão Paritária Mista em 1.080 milhões de euros, mas ontem o presidente do Governo Regional dizia, no salão nobre da Câmara Municipal, que essa verba não chegava para a reconstrução. «Eu vou ver como é que dão», disse, exigindo, no entanto, rigor na aplicação desses milhões.
«Obviamente que numa situação destas há uma coisa com que não pactuo, nem pode nenhum de nós pactuar, e que é com oportunismos de pessoas que se queiram aproveitar da desgraça dos outros e que querem satisfazer interesses pessoais. Não se pode pactuar com dinheiros que sejam desviados destes objectivos rigorosos que se estabeleceu com estratégia de reconstrução da Madeira», declarou.
O chefe do Executivo madeirense espera, por outro lado, que esta geração de madeirenses demonstre que «tem o sangue dos seus antepassados» e disse que, apesar de a tempestade ter dificultado mais a execução dos programas do Governo Regional e das Câmaras Municipais, «será tudo para fazer», ainda que num prazo de execução mais alargado.
«O que eu não puder fazer este ano nem para o ano, vai-se fazer na mesma, vai ser programado de outra maneira mas é para se fazer», garantiu Jardim, admitindo que «o grau de dificuldade vai ser muito maior», mas não vai desistir.
«É um desafio, uma questão de honra», assumiu.
Presidente da Câmara Municipal alerta no Dia do Concelho
Cinco zonas podem ter novos problemas
O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava disse haver cinco zonas da Ribeira Brava onde poderão «surgir novamente problemas», mas não adiantou quais.
No discurso do Dia do Concelho da Ribeira Brava, Ismael Fernandes fez um enquadramento da tragédia que assolou o concelho a 20 de Fevereiro, especialmente o vale da Serra de Água e a Tabua, identificou os principais danos, mas garantiu que o concelho irá «vencer as adversidades».
O autarca falou também das alterações que são necessárias fazer depois da intempérie, nomadamente a revisão do Plano Director Municipal, a criação de um Plano de Reflorestação da cordilheira central e zonas altas da Ribeira Brava, a canalização das principais ribeiras (Governo Regional já está a executar), estudo de intervenção nas zonas mais sensíveis do concelho e intervenção na ponte e na praia da Tabua.
Além disso, defendeu o autarca, são necessárias zonas de vazadouro controlado em meio marítimo e a proibição de todos os vazadouros em quotas elevadas no concelho, ao que acrescem a monitorização das principais zonas de risco e deslizamento de escarpas no concelho, a reconstrução dos arruamentos e a criação de um Plano Agrícola, em particular para a Serra de Água, criando um apoio aos agricultores que perderam literalmente todos os seus terrenos.
O presidente da Câmara Municipal da Ribeira Brava refere também que é necessário reconstruir as redes de água e saneamento básico, bem como a Estação de Tratamento de Águas Residuais e as levadas (só na Serra de Água há mais de 60 levadas para reconstruir).
Há ainda o processo de recuperação das casas danificadas e a construção de novas casas devido à destruição total de algumas habitações.
Face à tragédia, disse o presidene de Câmara, «abrimos um novo ciclo que tem como prioridade absoluta para os próximos anos recuperar o nosso concelho», disse o autarca, pedindo a «compreensão de todos os ribeirabravenses para esta nova e triste realidade».
«Sabemos bem que o nosso esforço nunca conseguirá corresponder no seu todo ao que os ribeirabravenses legitimamente desejam e merecem», disse o edil.
«Senhor presidente da Câmara, passaram-se dois meses e tal e encerrou-se a época das lamentações. Agora há uma palavra de ordem: trabalhar e reconstruir», disse o presidente do Governo.
Perante o capital de solidariedade existente no continente, «do lado da Madeira não se pode cometer erros: arranjar conflitos que nada têm a ver com os objectivos principais a que nos propomos; deixar de andar à velocidade com que temos andado até agora; malbaratar o dinheiro que não é bastante; e perder tempo com burocracias que não interessam para nada», acrescentou.
«Detectaram-se falhas que não se podem repetir no futuro, nomeadamente em matéria ligada a telecomunicações e transmissões», acrescentou ainda.
«As instituições financeiras dos países mais poderosos, hoje têm liberdade e capacidade para brincar com os documentos que titulam o recurso à dívida pública por parte dos Estado mais débeis, podendo em causa a própria estabilidade financeira dos países que tiveram de recorrer ao mercado financeiro internacional».
O presidente do Governo Regional negou ontem que tivesse havido algum adiamento da discussão da Lei de Meios na Assembleia da República. «Não há nenhum adiamento. Está tudo a decorrer conforme foi combinado», disse Alberto João Jardim, desmentindo assim as notícias, primeiro do Diário de Notícias do Funchal, e depois da RDP-Madeira, que falavam que este documento seria adiado. Segundo explicou ontem o presidente do Governo, à margem da comemoração do aniversário do concelho da Ribeira Brava, a Lei de Meios ficou concluída terça-feira à noite, numa reunião em Lisboa onde esteve presente Ventura Garcês, secretário regional do Plano e Finanças, e, portanto, «não sei com base em que prazos me vêm falar em adiamentos». «Eu bem sei que há instituições na Madeira que põem à frente a necessidade de envenenar as relações políticas, por causa de questões meramente pessoais da parte de pessoas que têm responsabilidade em instituições de comunicação social», referiu Jardim, mas, acrescentou o governante, «façam o favor de pôr esta frase: “Comigo vêm todos de carrinho”». A discussão acontece dia 12 de Maio.
Jornal da Madeira
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